Austríaco que mora no litoral do RN declarou R$ 100 bilhões de patrimônio e diz ter 306 toneladas de ouro no mar; entenda

Austríaco que mora no litoral do RN declarou R$ 100 bilhões de patrimônio e alega ter 306 toneladas de ouro dentro do mar; entenda - Foto: Reprodução

Morador de uma residência simples em Ponta do Mel, no município de Areia Branca, o austríaco Werner Rydl declarou à Receita Federal um patrimônio de 100 bilhões de reais. A maior parte dessa fortuna, segundo Rydl, reside em 306 toneladas de ouro – mais que o dobro das reservas atuais do Banco Central brasileiro. A história dele foi tema de uma reportagem especial feita pela Revista Piauí neste mês.

Ele contou que todo o tesouro estaria guardado em “Seagarland”, um micropaís flutuante que o próprio Rydl afirma ter criado em 2014, a 90 km da costa brasileira, composto por um barco submersível e um depósito de cápsulas de ouro no fundo do oceano.

Ele vive em Ponta do Mel com sua namorada austríaca, em uma casa alugada por apenas 450 reais mensais. Eles não possuem possui carro.

Fraudes e brigas na Justiça

A trajetória de Werner Rydl é pontuada por uma série de conflitos com a justiça em diferentes países. Sua primeira condenação veio da Áustria, por estelionato. Rydl foi acusado de fatiar seu carro e esconder as peças para receber o seguro. Ele, no entanto, nega veementemente o crime, alegando ter sido torturado pela polícia e que o veículo nunca foi encontrado.

Em 1989, Rydl desembarcou no Brasil, estabelecendo-se em Sirinhaém, Pernambuco. Foi lá que ele orquestrou um engenhoso esquema de fraude tributária na Áustria. Juntamente com seu irmão Rainer e sua mãe Erna, ele comprava mercadorias e as revendia para empresas intermediárias na Áustria, sonegando 20% do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

As mercadorias eram então exportadas para empresas de Rydl no Brasil. Para maximizar a sonegação, produtos como pedras de cimento branco eram negociados como se fossem pedras sintetizadas de alto valor, e mel comum era vendido como mel austríaco com um valor 15.000% maior.

O fisco austríaco estima um calote de 150 milhões de euros, ou quase 1 bilhão de reais. Rydl ite a sonegação, mas a justifica como um “embargo” ao governo austríaco, que ele considera corrupto.

No Brasil, Rydl se também esteve no ramo madeireiro com a Mw Florestal do Brasil Ltda., na Amazônia. Fiscais do Ibama identificaram irregularidades, e perícias comprovaram que as notas fiscais e autorizações de transporte de produto florestal (ATPFS) eram falsificadas. Em 2009, Rydl foi condenado a dois anos e meio de prisão por uso de documento falso, mas a pena foi convertida em serviços comunitários em Ponta do Mel.

Prisões, extradição e acusações polêmicas

Ridl também foi preso no Brasil. Em 2005, ele foi detido no Aeroporto de Brasília, à mando do ministro Marco Aurélio, do STF , após pedido do governo austríaco. A prisão acontecia por estelionato qualificado e associação criminosa. Ele tentou evitar a extradição, alegando perseguição política e até mesmo pedindo para ser adotado pelo pai de seu sócio brasileiro, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela extradição em 2006. Rydl chegou a acusar o ministro Marco Auréliode receber propina pela extradição, sem apresentar provas.

Em 2009, ele foi entregue à polícia em Viena, mas cumpriu apenas quatro meses de cadeia, pois já havia cumprido grande parte da pena no Brasil. Sua naturalização brasileira foi cancelada, mas em 2013 o STF a devolveu. Agora, ele cobra uma indenização de meio bilhão de reais do governo brasileiro.